sábado, 17 de julho de 2010

...explicação nenhuma isso requer, se o coração bater forte e arder no fogo o gelo vai queimar...



Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir

Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que arco-íris
Risca ao levitar

Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar

Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar
(...)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Mundo fluido...


Tempo horroroso!
Chuvarada....várias casas destelhadas...ainda não vi o jornal, mas certamente hoje é um dia de muitas perdas. Eu como sou uma pessoa muito otimista tento enxergar os acontecimentos pelo lado bom, acho que a chuva traz a mudança, pois é no caos que as coisas se reconstroem, novas configurações aparecem...bem romântico da minha parte, mas tudo bem.

Mas o que eu realmente não tolero é ter que pegar ônibus, em dia de chuva então, nem se fala. É extremamente desgastante ter que ficar esperando, programar a saída contando com atrasos e ainda ter que “curtir” a viajem ao magnífico som do Mc Jean Paul. Tentado sempre ver o lado bons das situações, aproveito estes momentos para um pequeno laboratório, de uma forma ou de outra isto me aproxima da realidade do outro. Percebo o outro nas suas peculiaridades, seu jeito, seu modo de viver. É aí que me dou conta de que tem gente que vive com muito pouco, muito pouco mesmo.

Estes dias enquanto voltava para casa, inevitavelmente ouvi uma conversa que me fez refletir sobre um assunto que sempre me intriga. O assunto era o seguinte: Três rapazes de uns 20 e poucos anos conversando, eles falavam da programação para o final de semana enquanto um dos rapazes dizia que não sairia, porque a namorada estava longe e ela não permitia que isso acontecesse. Ficou naquele assunto, um tentando convencer o outro de que deveria sair e quais as perdas e ganhos que teria com isso. Em seguida este rapaz que tem namorada começou a falar da menina. Foi muito comovente, ele a descreveu em suas características físicas e pessoais, fiquei prestando atenção no rapaz que fazia isto com um carinho enorme. Um exemplo clássico de encantamento pelo objeto (a namorada, no caso) de um ponto de vista psicanalítico. Ele começou a mostrar várias fotos da menina enquanto falava e um dos meninos comentou que ela era realmente linda... Eu tb achei! (Imaginem agora o meu olho comprido que conseguiu enxergar até a foto da menina...)

Durante esta conversa que até aí era bem trivial, um dos rapazes comentou que ele deveria estar com saudades na menina e foi ai que o rapaz disse que realmente estava, mas que nunca a tinha visto pessoalmente, que ela mora em Cuba, e eles namoram há um ano aproximadamente pela internet. Esta fala trouxe uma sensação de estranhesa aos rapazes que não sabiam o que dizer e se colocaram a questionar mais ainda este relacionamento. Aquele rapaz falava com uma propriedade enorme sobre uma pessoa que está há milhões de quilômetros de distância...a qual ele nem mesmo viu.
A partir daí os rapazes continuaram a conversar e para mim foi inevitável começar a psicologizar...

Orkut, Myspace, Youtube, Msn, Facebook, Twitter, Blogs...É a vida na internet, o que permite uma second life, como a do jogo... Fico me perguntando por que nossa vida íntima está tão exposta...e desta forma já não é mais tão íntima. Antigamente as crianças, pelo menos as da minha geração, eram incentivadas a escrever diários e estes ficavam chaveados e escondidos, pois ali estavam coisas verdadeiramente íntimas. As crianças da atualidade participam dos sites de relacionamento e expõem suas vidas que ainda estão em formação. Todos vivemos esta corrida para vender uma imagem, seja ela qual for. A exemplo disto cito o caso da advogada de Sorocaba que expôs a infidelidade do marido em rede mundial, e alcançou o reconhecimento, pois neste final de semana ganhou atenção em horário nobre na Rede Globo.

Criamos esta segunda vida, e nela podemos inventar nosso personagem. Existem as mais variadas páginas na rede mundial de computadores onde todos podem estar escondidos na multidão...em sites de sexo por exemplo, é muito fácil estar ali mostrando toda a intimidade, os desejos mais secretos, e depois ir tomar café da tarde com a família.

Me interessei pelo assunto e busquei o livro “O show do Eu” de Paula Sibila. Ela pontua que vivemos um momento ímpar da sociedade, e tomamos certas atitudes para suprir estas novas demandas. Na internet posso ser quem eu quiser, e até mesmo mostrar quem eu realmente sou, basta que esteja entre meus pares. Não é a toa que os crimes pela rede só aumentam.

Na nossa constituição nos formamos a partir do olhar do outro. Quando um bebê nasce, por exemplo, ele tem que ser chamado para a vida, ele tem que ser erotizado (de eros, amor, encantamento pela vida) para ter um desenvolvimento saudável e isto se dá pela perspectiva do cuidador. É o olhar do outro que faz o sujeito e este olhar do outro é muito presente nos relacionamentos através da internet pois trabalha diretamente sobre a desejabilidade social, ou seja, o quanto posso ser aceito e desejado. Logo, estamos aqui na rede porque queremos ser vistos. Monto minha história da forma que acredito que mais atingirei o outro (mecanismos inconscientes, vale lembrar...), o importante é que cada indivíduo consiga montar uma personagem para vender e o outro possa olha-lo e confirmar a sua existência. A intimidade que antes era tão preservada e necessária para se conseguir ser alguém, hoje foi substituída e estamos diante de uma nova configuração de subjetividade... Penso que é sim muito fácil ter um envolvimento através da internet, o encantamento incial, a busca pela procriação (conforme Schopenhauer, o filósofo do amor) não estão condicionados apenas à distância física, todas estas questões da nova configuração da subjetividade atravessam esta discussão. Mas deve se ter muito cuidado...

Quanto ao rapaz que namora a cubana...ouvi ao final da conversa que eles devem se encontrar logo. Aí sim...passando a fase de encantamento eles saberão se o que ficar resistirá a rede.

sábado, 26 de junho de 2010


Finalmente mais um final de semestre vem se aproximando. Só quem vive ou já viveu a vida acadêmica sabe do que estou falando. É uma infinidade de provas, trabalhos, apresentações, resenhas que vão ajudando a desrosquear mais ainda meus parafusos que já nem estão mais tão presos assim. Quando isto vai chegando no final uma sensação de dever cumprido vem tomando conta do meu ser, mais uma etapa se foi e agora falta pouco.

Na última semana tivemos, meus colegas e eu, o encerramento da disciplina de Clínica Analítica Institucional. As colegas responsáveis pela última apresentação do grupo fizeram uma atividade muito bem pensada para simbolizar o fechamento deste ciclo. Na verdade ainda não se encerrou, porque na próxima quinta-feira ainda teremos prova (esta que está me tirando o sono agora...).

Quando chegamos neste período da graduação temos muita necessidade de saber como se dá TUDO mesmo. Acho que temos a tendência de querer dominar este universo, pois a data da formatura se aproxima e queremos entender o que estamos fazendo, ou o que não estamos fazendo. Foi neste espírito que no primeiro dia de aula um colega questionou ao professor qual era a funcionalidade desta disciplina da nossa futura vida profissional, pois já no primeiro contato se percebe que a aula teria bastante teoria e pouca prática. Ficou gravada na minha memória a frase do professor Fábio Moraes que disse que a Clínica Analítica Institucional era a clínica sem as paredes do consultório. Entendi que o mundo todo é uma grande clínica, aí pronto, comecei a psicologizar mais ainda.

Aprendemos muito, muito mesmo nesta disciplina. Se tornou um curso gostoso, uma manhã de trocas mútuas. O 'prof' Fábio dá medo, é verdade...o nome dele dentro da Universidade tem toda uma mística...se sabe que ele é muito exigente, que cobra bastante dos seus alunos. Mas na verdade ele que está certo!

Somos movidos pela exigência externa. Seguindo a conhecida ideia de Darwin, quanto mais o mundo me exige, mas eu me esforço para alcançar o que eu quero...No caso das girafas, elas queriam as folhas mais altas das árvores, e eu quero ser uma boa psicóloga, a melhor que eu conseguir. Aí me pergunto: se a minha exigência externa é tirar 6,0 para ser aprovada, porque eu vou fazer mais do que isso?! Um dia me dei conta desta triste realidade, e vi que eu não fugia a regra...Percebi que se tiro sempre o que preciso para passar, certamente serei uma profissional média 6,0, e certamente isto não é o que eu quero. Minha média aí mudou, agora é 8,0!!

Somos acostumados a viver na média...vivemos nesta mentalidade desde sempre...E é por isso que esta disciplina se destaca na minha vida acadêmica, porque o professor vem para nos fazer pensar, para nos tirar da média, e não simplesmente para nos aprovar.

Aprendi muito sobre a filosofia do Giacóia, entendi um pouco melhor as ideias de Nietzsche...Entendi finalmente o que é o Fora e o Dentro de Peter Pál Pelbart,(Isso sem dúvida é uma loucura), me aproximei da loucura e vi o quanto está perto de mim, senti meu corpo e entendi que é nele que se manifesta todo o inconsciente, o meu e o de fora...(sim! o de fora!!). Penso que esta foi mais uma atividade que contará muito para minha atividade profissional, e como é importante saber "misturar" todos estes conhecimentos para formar uma bela obra final.
A imagem que está acima traduz exatamente isto. Esta foi a atividade proposta pelas colegas para o encerramento das atividades: montamos este quadro com vários tipos de linhas onde cada colega tecia um pouco e ao final o professor foi presenteado com ele. Este quadro traduz este emaranhado de conhecimentos.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Apresentações



Neste primeiro Post primeiro quero dar as Boas Vindas aos aventureiros que se arriscarem a ler o que aqui escreverei, e segundo justificar a criação deste. Sempre quis ter um blog, mas nunca tive coragem...E ainda não tenho na verdade...Me sinto meio idiota aqui na frente do computador, máquina que eu nem domino tanto assim, falando com pessoas que eu nem sei se existem. Na verdade acho que as relações cibernéticas que vivemos hoje nos afastam de toda a essência do ser humano, aqui estou escondida na multidão e posso ser quem eu quiser, até eu mesmo. (Já comecei a psicologizar!)

Mas enfim, o fato é que me dei conta de que todo mundo tem um blog, as mães, as tias, as adolescentes, os bichinhos de estimação, os nerds, os emos, e pasmem, até os jornalistas! Foi ai que pensei que também merecia ter um.

O nome vem de uma brincadeira que sempre fazem comigo. É que como já adquiri um “olhar psicológico” fica muito difícil dissociar isto de toda a minha vida e de todos que me cercam, então vira e mexe eu acabo enxergando as coisas com uma outra visão. Fico psicologizando, ou filosofando, como preferirem...

Aqui quero trazer os meus pensamentos à tona...Quero poder falar e ter a liberdade de viajar...mas prometo que sempre tentarei viajar com o mínimo de aporte teórico. A ideia não é ficar dando aula, mas sim falar um pouco da forma como eu vejo as coisas. Tenho muita necessidade de ser ouvida, mas ultimamente quando faço isso as pessoas simulam um sono relâmpago...acho que é só para me irritar!!

Mas buenas...fico por aqui, e já adianto que só vou postar algo quando achar que realmente “presta”...